sábado, 16 de abril de 2011

Cadeira de Rodas que Sobe Escadas - Parte 2

Feira em São Paulo traz novidade para pessoas com deficiência física.

A feira é a segunda maior do mundo e está cheia de novidade. Em um carro, o banco é giratório, o aparelho recolhe e guarda a cadeira de rodas.


A tecnologia a serviço das pessoas com necessidades especiais é a atração de feira que começou nesta quinta feira [14] em São Paulo. É a segunda maior do mundo e está cheia de novidades.

Parece não haver obstáculos que não seja vencido pela criatividade e sabedoria dos homens. Se os olhos não veem a história, ela pode ser ouvida. Uma espécie de caneta eletrônica toca o canto da página, e lá vem a aventura. Eu fico me imaginando na história', diz o menino.

Quem tem baixa visão pode aumentar a letra e mexer nas cores. Outro aparelho após ajuda quem não pode virar as páginas. Em outro basta botar qualquer texto, que o equipamento fotografa e le tudo em voz alta.

Algumas invenções são brasileirissimas e vem do coração, como um carro que ainda é um protótipo, um modelo inventado por amigos de um cadeirante. Ele é como um irmão para nós, e essa idéia surgiu realmente para ajudar uma pessoa. Esse projeto tem alma', conta o cientista da computação João Gil.

Em outro carro o banco é giratório, o aparelho recolhe e guarda a cadeira de rodas. 'A gente se sente melhor. A gente quer fazer tudo sozinha', comenta uma senhora.

As vezes, as perdas podem ser muitas e imensas, mas, se restar apenas o olhar, a tecnologia pode dar ao deficiente quase o mundo inteiro.

O olhar fixo por ligações de segundos funciona como um clique. Assim é possivel escrever, navegar na internet e até controlar eletrodomésticos. Eu posso ligar um ventilador, por exemplo, um abajur', destaca uma mulher.

E pensar que isso demorou 20 anos para chegar ao Brasil, porque impostos e burocracia ainda são barreiras a serem vencidas. O Brasil precisa que essas pessoas sejam olhadas com mais vontade, porque a unica coisa que elas querem é ter direito a viver iqual aos outros', afirma o organizador da feira, José Roberto Sevéri.

beijinhos e coraçõezinhos. lu.

segunda-feira, 11 de abril de 2011



TERAPIA ASSISTIDA POR ANIMAIS

É muito fácil falar dos beneficios que os animais terapeutas trazem,
pois eles são muito especiais. todo o processo de trabalho com animais, para utilização em terapias, sempre é tema de estudos e reportagens. mas só quem vive diariamente a rotina desse importante e gratificante trabalho pode contar. os resultados dos tratamentos, melhor forma de selecionar um cão terapeuta, técnicas de treinamento para animais e voluntários são largamente documentados e discutidos. mas acontecem coisas que ninguém consegue explicar. vou contar uma das inumeras situações que já aconteceram comigo.

Certa vez, estava numa clinica para mais um dia de sessão, onde trabalhava com crianças com sindrome de down, hidrocefalia e paralisia cerebral. quando chego á clinica o clima muda imediatamente, todos ficam muito felizes com a chegada dos cães. a alegria é contagiante; desde o pessoal da recepção, a turma da limpeza e as crianças na sala de espera fazem a maior farra.

A rotina começa com a seleção, dos pacientes que vou trabalhar, processo que acontece sempre com o acompanhamento de um médico. depois de avaliar a compatilidade do cão com o paciente,
para não acontecer nenhuma rejeição, tais como; o paciente se assustar o tamanho do cão ou, por
exemplo, deixar um cão muito alegre e receptivo com uma pessoa que tenha pouco movimento, entre outra.

Nesse dia em especial estava com um cão de porte médio / grande, para trabalhar com crianças que já estavam acostumadas com animais. quando comecei a preencher as fichas, mandei o cão sentar e ficar no meu lado enquanto escrevia. sabendo que ele era extremamente obediente, dei
o comando e o deixei a vontade. ao terminar, olhei para o lado e vi que o cão havia sumidp, mas,
como todos os funcionários sempre ficavam paparicando o peludo, achei que alguém passou e o pegou para fazer uma brincadeira comigo.

Chamei por ele nas salas da recepção, mas sem sucesso. comecei a me preocupar quando perguntei sobre o peludo para as pessoas que tinham mais contato com ele. a resposta era negativa sobre seu paradeiro. comecei a procura-lo nos quartos dos pacientes. fiquei mais preocupado ainda, pois a clinica tinha mais de 20 quartos, em sua grande maioria com pacientes adultos que não tinham contato com cães.

Depois de procurar por vários desse quartos encontrei-me com uma faxineira nos corredores. antes que eu perguntasse qualquer coisa ela já foi falando; se está procurando um cachorrão, ele entrou no quarto 1 7', gelei, afinal é dificil para alguém em uma clinica de reabilitação esperar uma visita de um cachorro grande, quanto mais adivinhar que é um cão terapeuta. fui em direção ao quarto 17 e, para minha surpresa, o fujão estava ao lado de um senhor que estava deitado e dormindo. o danado subiu na escada que auxilia o paciente a subir e descer da cama e descaradamente colocou a cabeça no peito dele, como se estivesse cuidando dele.

Olhei para ver se tinha alguém no quarto para me desculpar, mas o paciente estava sozinho. chamei-o baixinho e, apertando os dentes, mostrei que estava muito descontente com a fuga dele, mas, para minha surpresa, quando o chamei o danado ao invés de me atender imediatamente, como sempre fez, enterrou o focinho nas mãos do paciente e fechou os olhos tentando me ignorar. entrei no quarto nas pontas dos pés para não acordar o paciente e ter que enfrentar uma bela chamada de atenção pela diretora da clinica, fui em direção do peludo, pequei a guia para poder retirá-lo d0 quarto e voltei de fininho para as seções que estavam marcadas.

Dois dias se passaram. recebi uma ligação da clinica. a secretária pediu que esperasse porque a diretora e a proprietária da clinica queriam falar comigo. minhas pernas ficaram bambas, afinal naquela época era muito dificil conseguir implantar um projeto como esse, e qualquer falha poderia põr tudo a perder. quando atendi a ligação, tentei ser descontraido e não falar sobre o assunto, mas ela começou me perguntando se havia acontecido algum incidente com algum cachorro na clinica. logo, comecei a me desculpar e a ' chorar as pitangas ' dizendo que nunca mais
isso iria acontecer. sem falar muito, ela disse que queria minha presença imediata na clinica.

Fui direto para lá, fiquei muito nervoso. quando cheguei a clinica, fui direto para a sala da diretora, onde fui informado de que todos me esperavam, inclusive os familiares do paciente. cumprimentei a todos e comecei a ladainha das desculpas, que foi interrompida pela proprietária da clinica. ela me disse que o que tinha acontecido foi grave, mas que tinha uma coisa para me falar. após apresentar a mãe e a irmã do paciente a diretora começou a contar a história dele e o que ele estava fazendo na clinica. para meu espanto, me foi dito que ele não estava dormindo, mas sim estava na clinica para sessões de fisioterapia por conta de um AVC que havia sofrido. o diagnóstico era o de que ele viveria de forma totalmente vegetativa, por isso seus músculos estavam atrofiando, pelo que necessitava de exercicios na clinica.

Novamente, comecei a falar sobre o cão e o quanto ele trabalha com crianças e que não representava perigo para ninguém. fiz isso porque temia ter meu projeto cortado; ou até mesmo um processo. depois disso, me disseram que nesse dia algo extraordinário aconteceu; o moço que sofreu AVC estava há sete meses naquela situação e no dia em que aconteceu a fuga do cão e a invasão do seu quarto na final da tarde, o paciente começou a ter reações e saiu do coma. dois dias depois do ocorrido ele já havia conseguido se comunicar através de mimica. como inicio da recuperação o paciente perguntou onde estava o cachorro.... havia ficado com ele.

O rapaz que tinha uma previsão de vida vegetativa saiu do coma, sua irmã e sua mãe estavam lá justamente para pedir que ele fosse inserido no programa com cães. a solicitação dos familiares foi atendida prontamente. após um ano de tratamento, juntamente com o cachorro fujão, conseguiu ele uma série de avanços no tratamento, inclusive o retorno da fala e de movimento em membros inferiores e superiores. ele já anda, com auxilio de pessoas, o que é um grande feito
para quem teria uma vida vegetativa.

Algumas perguntas ainda precisam de respostas; com tantos outros quartos, como o cachorro sabia que era justamente aquele paciente que precisava de estimulos?

Como, mesmo em coma, o rapaz conseguiu lembrar que o cachorro esteve no quarto com ele? depois que ele voltou a falar, eu perguntei como sabia que o cão estava no quarto dele. a resposta que recebi foi'. não sei como, mas eu simplesmente sabia'.

Mesmo com tantos artigos sobre animais que ajudam pessoas, poucos tentam explicar o sexto sentido dos animais. quanto mais nos deparamos com isso, mais perguntas surgem.

Essa é uma das inumeras histórias que eu vivi relacionadas a esse trabalho. acredito que meus colegas que também trabalham com T A A devem ter muitas outras parecidas. temos que divulga-las e explorar muito mais esse universo que estamos arranhando. é preciso mostrar a todos que nossas ligações com os animais é algo que não deve ser negligenciado e que nessa corrente os elos entre pets e humanos são muito mais sólidos do que imaginamos.

beijinhos e coraçõezinhos. lu.